Por Renata Poskus Vaz
Quando idealizamos o Fashion Weekend Plus Size, dividimos muito bem nossas tarefas. Andrea Boschim cuidaria de todos os detalhes de produção, enquanto me esforçaria para divulgar nosso evento, as marcas e as modelos na mídia. Entre centenas de veículos que receberam nosso release, estava o Chic, site de Glória Kalil, tida como uma das maiores entendedoras de moda e boas maneiras do País.
Para minha surpresa, uma doce e educada jornalista do Chic me procurou, cadastrando-se para cobrir o FWPS. O nome dela é Yara Howe, que foi super cuidadosa entrevistando diversas modelos plus size nos bastidores e obervando todas as etapas do desfile. Yara, ao contrário de Glória Kalil, esteve presente no desfile, viu com seus próprios olhos todo o empenho e dedicação das pessoas envolvidas no FWPS e fez uma matéria muito bacana, conforme vocês podem conferir aqui.
Gloria Kalil, todavia, não compareceu. Mesmo assim, achou-se no direito de proferir comentários sobre as modelos do FWPS. Em artigo divulgado no dia 26 de janeiro, Glória Kalil inicia seu texto com a seguinte frase:
“Volto ao assunto: obesidade ou anorexia? O nome carinhoso para obesas é “fofa”, assim como o das anoréxicas é “magrinha”. As duas são anomalias e nem de longe padrão de beleza para ninguém da cultura ocidental moderna.”
Respeito a liberdade de expressão de Gloria Kalil, mas não quando é feita de forma irresponsável. Ao lado de seu texto, ela coloca a imagem de Julia Pires, de lingerie. Ou seja, dá a entender que a modelo plus size é uma anomalia. Agora eu pergunto: vocês sabem o que quer dizer a palavra anomalia? Veja alguns sentidos extraídos do dicionário Michaellis:
*Desvio acentuado de um padrão normal; anormalidade, desigualdade, irregularidade, monstruosidade.
*Aberração, exceção à regra
*Anormalidade social
Julia Pires não é uma aberração, não é um monstro e não é muito diferente de quase metade da população brasileira que, comprovadamente, tem sobrepeso ou obesidade mórbida. Ou seja, a cultura ocidental está bem mais cheinha do que enxerga os olhos e o simancol de Glória Kalil. Ela complementa o texto com a seguinte observação:
“Todo excesso, em qualquer uma das pontas, é sinal de distúrbio e, portanto, uma patologia a ser cuidada e combatida. O que eu gostaria de lembrar, porém, é que a obesidade hoje em dia é nitidamente um problema muito maior do que a magreza.”
Eu não sei em que faculdade de medicina Glória Kalil recebeu seu diploma. Não é segredo para ninguém que obesidade é sim um problema de saúde e que deve ser combatida de forma séria, para que as mulheres gordinhas sejam mais saudáveis e não para caberem em um manequim 38. Quando olhamos para uma mulher gorda, sabemos claramente que ela pode ter problemas de saúde como pressão arterial elevada e diabetes. Uma magra, nem sempre denuncia isso. Algumas acabam morrendo de anorexia, desnutridas sem que ninguém note. Portanto, medir qual o problema maior não ajuda em nada a solucionar nenhum dos casos. Não se trata de uma luta entre gordas e magras. Todas devem se cuidar.
“Saindo do cinema, passei a fazer uma enquete particular com um caderninho e lápis na mão: para cada duas de aparência de peso médio, há uma magra e quatro gordas, sendo que destas quatro, duas seriam consideradas gostosas ou popozudas. Ou seja, tem mais gorda do que magra por aí. Entre as mulheres mais velhas então, nem se fala. Para cada 10, oito são gordas (tipo sem cintura, pneu no estômago e no lombo).”
Acima, neste outro trecho, mais uma vez, Gloria Kalil se contradiz. Se o que ela ve mais nas ruas são mulheres gordas ou corpulentas, isso significa que este é o atual padrão de beleza ocidental moderno e não o elitista e preconceituoso que alguns formadores de opinião tentam empurrar nossa goela abaixo. Mas Glória Kalil não pára por aí:
“Não se trata, como querem alguns, que se aceite uma certa diversidade de pesos e tamanhos. Gente não é que nem carro, que pode ter tamanho pequeno, econômico, médio ou enorme. Há um equilíbrio saudável entre altura e peso que é o ideal da funcionalidade e da estética de um corpo que deve, sim, ser perseguido. Há, é claro, quem prefira as gostosas, outros preferem mais delgadas, mas tudo dentro de uma proporção em que qualquer tipo de a mais ou a menos não seja um absurdo.”
Gente é gente. E pode sim ter tamanho pequeno, econômico, médio e enorme. Isso se chama diversidade humana. Proporções exatas deixamos para a Matel, que fabrica Barbies. Ter altura e peso equilibrados é sim o ideal para uma vida saudável. Nos últimos meses, médicos cansaram de dizer que quando uma pessoa tem uma vida saudável, com alimentação equilibrada e pratica atividades físicas, ter ou não um IMC politicamente correto não é um problema. Ninguém deve “perseguir” um ideal de beleza. Isso só gera frustrações e desencadeia distúrbios alimentares gravíssimos. Quem define o que é saudável ou não são os médicos e em análises particulares, individuais. Consultoras de moda, mesmo que da “alta roda”, não tem este poder e competência. Vamos parar de querer tratar as pessoas por meio de revistinhas ou matérias na internet, sem conhecer seu histórico de saúde.
“Nossas modelos são lindas, altas e magras. Eu gosto. Não posso imaginar alguém colocando um só defeito numa Isabeli Fontana, por exemplo, e dizendo que ela é um cabide, sem formas e feita de ossos. Não vejo nada ali para se colocar ou tirar. O que eu gostaria que tirassem dela é a fórmula para ir buscar um corpinho igual!”
Eu também adoro a Isabelli Fontana e se fosse fácil crescer 10 cm e emagrecer 30 Kg aos 27 anos, juro que me esforçaria para alcançar este padrão. Padrão que representa apenas 1% da população brasileira. Eu não maltrato esses 1%, mas com o FWPS escolhi, ao lado de Andrea Boschim, dirigir-me aos outros 99%, sendo 50% deles de pessoas obesas ou com sobrepeso. Pessoas normais, que merecem respeito!Pessoas que fizeram da matéria de Yara Howe no site Chic de Gloria Kalil ser uma das mais lidas desta semana.
Não há de que, Glória!
Quando idealizamos o Fashion Weekend Plus Size, dividimos muito bem nossas tarefas. Andrea Boschim cuidaria de todos os detalhes de produção, enquanto me esforçaria para divulgar nosso evento, as marcas e as modelos na mídia. Entre centenas de veículos que receberam nosso release, estava o Chic, site de Glória Kalil, tida como uma das maiores entendedoras de moda e boas maneiras do País.
Para minha surpresa, uma doce e educada jornalista do Chic me procurou, cadastrando-se para cobrir o FWPS. O nome dela é Yara Howe, que foi super cuidadosa entrevistando diversas modelos plus size nos bastidores e obervando todas as etapas do desfile. Yara, ao contrário de Glória Kalil, esteve presente no desfile, viu com seus próprios olhos todo o empenho e dedicação das pessoas envolvidas no FWPS e fez uma matéria muito bacana, conforme vocês podem conferir aqui.
Gloria Kalil, todavia, não compareceu. Mesmo assim, achou-se no direito de proferir comentários sobre as modelos do FWPS. Em artigo divulgado no dia 26 de janeiro, Glória Kalil inicia seu texto com a seguinte frase:
“Volto ao assunto: obesidade ou anorexia? O nome carinhoso para obesas é “fofa”, assim como o das anoréxicas é “magrinha”. As duas são anomalias e nem de longe padrão de beleza para ninguém da cultura ocidental moderna.”
Respeito a liberdade de expressão de Gloria Kalil, mas não quando é feita de forma irresponsável. Ao lado de seu texto, ela coloca a imagem de Julia Pires, de lingerie. Ou seja, dá a entender que a modelo plus size é uma anomalia. Agora eu pergunto: vocês sabem o que quer dizer a palavra anomalia? Veja alguns sentidos extraídos do dicionário Michaellis:
*Desvio acentuado de um padrão normal; anormalidade, desigualdade, irregularidade, monstruosidade.
*Aberração, exceção à regra
*Anormalidade social
Julia Pires não é uma aberração, não é um monstro e não é muito diferente de quase metade da população brasileira que, comprovadamente, tem sobrepeso ou obesidade mórbida. Ou seja, a cultura ocidental está bem mais cheinha do que enxerga os olhos e o simancol de Glória Kalil. Ela complementa o texto com a seguinte observação:
“Todo excesso, em qualquer uma das pontas, é sinal de distúrbio e, portanto, uma patologia a ser cuidada e combatida. O que eu gostaria de lembrar, porém, é que a obesidade hoje em dia é nitidamente um problema muito maior do que a magreza.”
Eu não sei em que faculdade de medicina Glória Kalil recebeu seu diploma. Não é segredo para ninguém que obesidade é sim um problema de saúde e que deve ser combatida de forma séria, para que as mulheres gordinhas sejam mais saudáveis e não para caberem em um manequim 38. Quando olhamos para uma mulher gorda, sabemos claramente que ela pode ter problemas de saúde como pressão arterial elevada e diabetes. Uma magra, nem sempre denuncia isso. Algumas acabam morrendo de anorexia, desnutridas sem que ninguém note. Portanto, medir qual o problema maior não ajuda em nada a solucionar nenhum dos casos. Não se trata de uma luta entre gordas e magras. Todas devem se cuidar.
“Saindo do cinema, passei a fazer uma enquete particular com um caderninho e lápis na mão: para cada duas de aparência de peso médio, há uma magra e quatro gordas, sendo que destas quatro, duas seriam consideradas gostosas ou popozudas. Ou seja, tem mais gorda do que magra por aí. Entre as mulheres mais velhas então, nem se fala. Para cada 10, oito são gordas (tipo sem cintura, pneu no estômago e no lombo).”
Acima, neste outro trecho, mais uma vez, Gloria Kalil se contradiz. Se o que ela ve mais nas ruas são mulheres gordas ou corpulentas, isso significa que este é o atual padrão de beleza ocidental moderno e não o elitista e preconceituoso que alguns formadores de opinião tentam empurrar nossa goela abaixo. Mas Glória Kalil não pára por aí:
“Não se trata, como querem alguns, que se aceite uma certa diversidade de pesos e tamanhos. Gente não é que nem carro, que pode ter tamanho pequeno, econômico, médio ou enorme. Há um equilíbrio saudável entre altura e peso que é o ideal da funcionalidade e da estética de um corpo que deve, sim, ser perseguido. Há, é claro, quem prefira as gostosas, outros preferem mais delgadas, mas tudo dentro de uma proporção em que qualquer tipo de a mais ou a menos não seja um absurdo.”
Gente é gente. E pode sim ter tamanho pequeno, econômico, médio e enorme. Isso se chama diversidade humana. Proporções exatas deixamos para a Matel, que fabrica Barbies. Ter altura e peso equilibrados é sim o ideal para uma vida saudável. Nos últimos meses, médicos cansaram de dizer que quando uma pessoa tem uma vida saudável, com alimentação equilibrada e pratica atividades físicas, ter ou não um IMC politicamente correto não é um problema. Ninguém deve “perseguir” um ideal de beleza. Isso só gera frustrações e desencadeia distúrbios alimentares gravíssimos. Quem define o que é saudável ou não são os médicos e em análises particulares, individuais. Consultoras de moda, mesmo que da “alta roda”, não tem este poder e competência. Vamos parar de querer tratar as pessoas por meio de revistinhas ou matérias na internet, sem conhecer seu histórico de saúde.
“Nossas modelos são lindas, altas e magras. Eu gosto. Não posso imaginar alguém colocando um só defeito numa Isabeli Fontana, por exemplo, e dizendo que ela é um cabide, sem formas e feita de ossos. Não vejo nada ali para se colocar ou tirar. O que eu gostaria que tirassem dela é a fórmula para ir buscar um corpinho igual!”
Eu também adoro a Isabelli Fontana e se fosse fácil crescer 10 cm e emagrecer 30 Kg aos 27 anos, juro que me esforçaria para alcançar este padrão. Padrão que representa apenas 1% da população brasileira. Eu não maltrato esses 1%, mas com o FWPS escolhi, ao lado de Andrea Boschim, dirigir-me aos outros 99%, sendo 50% deles de pessoas obesas ou com sobrepeso. Pessoas normais, que merecem respeito!Pessoas que fizeram da matéria de Yara Howe no site Chic de Gloria Kalil ser uma das mais lidas desta semana.
Não há de que, Glória!
=> Glória Kalil, baixou, em meu conseito!!!
Triste comentário de Glória Kalil, poderia ter ficado calada, seria muito melhor!!!
Alô, Chics!
Fofinhas ou magrinhas?
Gloria Kalil em 26/01/2010
Notícia
Volto ao assunto: obesidade ou anorexia? O nome carinhoso para obesas é “fofa”, assim como o das anoréxicas é “magrinha”. As duas são anomalias e nem de longe padrão de beleza para ninguém da cultura ocidental moderna.
Causaram pena e preocupação as meninas excessivamente magras que desfilaram no SPFW, assim como causaram desconforto e igual preocupação as que se aprestaram no Fashion Weekend Plus Size, evento de moda para as tamanho G e XG.Todo excesso, em qualquer uma das pontas, é sinal de distúrbio e, portanto, uma patologia a ser cuidada e combatida. O que eu gostaria de lembrar, porém, é que a obesidade hoje em dia é nitidamente um problema muito maior do que a magreza. Saindo do cinema, passei a fazer uma enquete particular com um caderninho e lápis na mão: para cada duas de aparência de peso médio, há uma magra e quatro gordas, sendo que destas quatro, duas seriam consideradas gostosas ou popozudas. Ou seja, tem mais gorda do que magra por aí. Entre as mulheres mais velhas então, nem se fala. Para cada 10, oito são gordas (tipo sem cintura, pneu no estômago e no lombo).Não se trata, como querem alguns, que se aceite uma certa diversidade de pesos e tamanhos. Gente não é que nem carro, que pode ter tamanho pequeno, econômico, médio ou enorme. Há um equilíbrio saudável entre altura e peso que é o ideal da funcionalidade e da estética de um corpo que deve, sim, ser perseguido. Há, é claro, quem prefira as gostosas, outros preferem mais delgadas, mas tudo dentro de uma proporção em que qualquer tipo de a mais ou a menos não seja um absurdo.Nossas modelos são lindas, altas e magras. Eu gosto. Não posso imaginar alguém colocando um só defeito numa Isabeli Fontana, por exemplo, e dizendo que ela é um cabide, sem formas e feita de ossos. Não vejo nada ali para se colocar ou tirar. O que eu gostaria que tirassem dela é a fórmula para ir buscar um corpinho igual!
Fofinhas ou magrinhas?
Gloria Kalil em 26/01/2010
Notícia
Volto ao assunto: obesidade ou anorexia? O nome carinhoso para obesas é “fofa”, assim como o das anoréxicas é “magrinha”. As duas são anomalias e nem de longe padrão de beleza para ninguém da cultura ocidental moderna.
Causaram pena e preocupação as meninas excessivamente magras que desfilaram no SPFW, assim como causaram desconforto e igual preocupação as que se aprestaram no Fashion Weekend Plus Size, evento de moda para as tamanho G e XG.Todo excesso, em qualquer uma das pontas, é sinal de distúrbio e, portanto, uma patologia a ser cuidada e combatida. O que eu gostaria de lembrar, porém, é que a obesidade hoje em dia é nitidamente um problema muito maior do que a magreza. Saindo do cinema, passei a fazer uma enquete particular com um caderninho e lápis na mão: para cada duas de aparência de peso médio, há uma magra e quatro gordas, sendo que destas quatro, duas seriam consideradas gostosas ou popozudas. Ou seja, tem mais gorda do que magra por aí. Entre as mulheres mais velhas então, nem se fala. Para cada 10, oito são gordas (tipo sem cintura, pneu no estômago e no lombo).Não se trata, como querem alguns, que se aceite uma certa diversidade de pesos e tamanhos. Gente não é que nem carro, que pode ter tamanho pequeno, econômico, médio ou enorme. Há um equilíbrio saudável entre altura e peso que é o ideal da funcionalidade e da estética de um corpo que deve, sim, ser perseguido. Há, é claro, quem prefira as gostosas, outros preferem mais delgadas, mas tudo dentro de uma proporção em que qualquer tipo de a mais ou a menos não seja um absurdo.Nossas modelos são lindas, altas e magras. Eu gosto. Não posso imaginar alguém colocando um só defeito numa Isabeli Fontana, por exemplo, e dizendo que ela é um cabide, sem formas e feita de ossos. Não vejo nada ali para se colocar ou tirar. O que eu gostaria que tirassem dela é a fórmula para ir buscar um corpinho igual!