Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Novo Hamburgo – RS 17 a 19 de maio de 2010
O Ataque de 11 de Setembro e Suas Representações na Mídia
1
Paula S. NISHIZIMA
2
Isabella T. Mayer de MELO
3
Luciana C. dos SANTOS
4
Elza Aparecida de Oliveira FILHA
5
Universidade Positivo, Curitiba, PR
RESUMO
O modo como o ataque de 11 de setembro de 2001 foi mostrado pelas diferentes mídias
pode ter influenciado na visão ocidental sobre o Oriente Médio e sua cultura própria,
diferente da nossa. O contexto anterior ao ataque é vital para compreendermos como e
porque ele aconteceu. A forma como foi representado em dois veículos de mídia
brasileiros e documentários internacionais pode refletir contradições da história (ou até
preconceitos daqueles que as produzem).
PALAVRAS-CHAVE: 11 de setembro, islamismo, Estados Unidos, mídia.
Introdução
O presente trabalho tem como objetivo tratar do tema “Mídia e Violência”, direcionado
para o caso do ataque ocorrido em 11 de setembro de 2001, contra o World Trade
Center, nos Estados Unidos. Com base no fato, serão analisadas matérias publicadas na
revista Veja, parte da cobertura da Rede Globo no dia e após o atentado e
documentários, acompanhado de uma pequena contextualização histórica, para melhor
entendimento do assunto.
Contexto histórico
1
Trabalho apresentado no Intercom Júnior – Jornalismo do XII Congresso de Ciências da Comunicação na Região
Sul realizado de 26 a 28 de maio de 2011.
2
Estudante de Graduação 3º semestre do curso de Jornalismo da Universidade Positivo, email:
hikkibr2@hotmail.com
3
Estudante de Graduação 3º semestre do curso de Jornalismo da Universidade Positivo, email:
isinha_itmm@hotmail.com
4
Estudante de Graduação 3º semestre do curso de Jornalismo da Universidade Positivo, email:
lucianacristina441@gmail.com
5
Orientadora do Trabalho. Professora do curso de Jornalismo da Universidade Positivo, email: elzaap@hotmail.com
Na manhã de 11 de setembro de 2001, dois aviões se chocaram contra as torres
do World Trade Center com aproximadamente 15 minutos de intervalo entre o primeiro
e o segundo ataque. Seguidos de um terceiro no Pentágono e um quarto na Pensilvânia.
Diversas áreas foram evacuadas (incluindo a Casa Branca, prédios da ONU e da
Unicef), voos transatlânticos cancelados e o céu de Nova Iorque ficou tomado pela
fumaça do desabamento das torres gêmeas. Foram registrados cerca de cinco mil
mortos.
Para entendermos melhor os motivos que levaram ao atentado, seu contexto
histórico e suas consequências, primeiro devemos ter consciência de que o Islã, a
religião seguida pelos homens suicidas do 11 de setembro, possui dois direcionamentos
básicos: os xiitas e os sunitas, que têm interpretações diferentes do Alcorão, o livro
sagrado. O islamismo, de uma forma geral, possui seu maior número de adeptos em
países da Ásia e do norte da África, dentre eles Irã, Iraque, Afeganistão, Arábia Saudita,
Egito, Indonésia, Índia, entre outros (ONU, 2001).
O Islã se apoia sobre cinco pilares: o testemunho, no qual a pessoa declara que
não existe outra divindade além de Deus e que Mohamed é seu profeta e desse modo é
considerado muçulmano; a oração, feita cinco vezes por dia, com os fiéis voltados para
a Meca; o jejum no mês do Ramadã, considerado uma forma de agradecer a Deus por
ter enviado à humanidade o Alcorão com seus ensinamentos; o pagamento do Zakat,
que seria uma parte da riqueza acumulada, das colheitas e sobre os rebanhos de animais
para pessoas necessitadas e mais pobres; e a Peregrinação à Meca, realizada pelo menos
uma vez na vida para os que têm condições financeiras (ISLÂMICO, [19--]).
O conceito de “guerra santa” pode ser considerado um dos motivos que levam a
atitudes de violência, pois, para alguns quer dizer dominar outros povos e convertê-los
ao Islã, mas para outros possui significado interno, a luta do homem consigo mesmo,
para encontrar a paz e o equilíbrio necessários (HADDAD, 1994).
Outros fatores polêmicos (fugindo à questão religiosa) são as reservas de
petróleo, encontradas em abundância na região em que estão localizados os principais
países islâmicos e o efeito da mídia, dando publicidade aos terroristas e, segundo
Jacques A. Wainberg, em seu livro Mídia e terror – Comunicação e violência política:
“Ao transformá-los em personagens do mundo televisivo, os terroristas tornam-se
personagens intocáveis de um drama comovente e relativamente sagrado”
(WAINBERG, 2005, p. 16).
Voltando ao contexto histórico, um marco importante para a política do
fundamentalismo islâmico, que procura seguir à risca os preceitos corânicos (dando
margem a atitudes xenofóbicas e antimodernas), foi a Revolução Iraniana de 1979,
período no qual parte dos iranianos mostrava-se descontente com o governo de Reza
Pahlevi, cuja política era de proximidade com o ocidente, principalmente com os
Estados Unidos. Pahlevi foi deposto pelo aiatolá Khomeini, um xiita que estabeleceu
no país uma República Islâmica, de caráter teocrático, diferente das repúblicas seculares
da maioria dos países do Oriente Médio (Iraque, Egito, Argélia, entre outros). Khomeini
e os fundamentalistas hostilizam os governos seculares por serem estes abertos à
política e ao modo de vida ocidental e condescendentes com o estado de Israel
(SCHILLING, 2002).
Foi nesse cenário que, um ano depois, Saddam Hussein, ditador iraquiano, fez
acordos com os Estados Unidos, que havia perdido as relações comerciais com o Irã
após a subida de Khomeini, para que estes lhe dessem apoio econômico para que ele
colocasse em prática uma guerra que, segundo suas estimativas, o colocaria em Teerã
(capital do Irã) em três semanas com o pretexto de tomar o controle total do canal
Chatt-el-Arab, cuja margem oriental era controlada pelos iranianos. Porém, os planos de
Saddam não se consumaram tão facilmente, a guerra durou oito anos até que ambos os
lados, esgotados, resolveram cessar fogo (BIGELI, [200-]).
Após o fracasso da guerra com o Irã, o Iraque afundou numa crise devido às
baixas no preço do petróleo, responsabilizando o Kuwait e usando isso como pretexto
para invadir o país e anexá-lo ao Iraque, controlando então suas reservas de petróleo e
conseguindo novamente o apoio norte-americano - pois este havia sido perdido com o
fim da guerra contra o Irã. Foi o segundo fracasso de Saddam, após ser advertido pela
ONU para desocupar o Kuwait (o que não aconteceu), o exército de Saddam ficou
cercado por potências ocidentais e alguns países do Oriente Médio e teve de se retirar
do Kuwait, vários poços de petróleo foram incendiados e o Iraque sofreu sanções da
ONU para a redução de sua infraestrutura militar.
Na década de 1970, o Afeganistão e o Paquistão sofriam tensões fronteiriças,
sendo que o primeiro havia se aproximado da União Soviética em busca de apoio
econômico e militar, porém, fundamentalistas da oposição mostraram-se contra a
presença de soviéticos em território muçulmano, proclamando a Jihad (guerra santa) e
obtendo apoio dos Estados Unidos para isso, uma vez que os tempos ainda eram de
Guerra Fria.
Expulsos os soviéticos em 1989, estes perderam o controle sobre os chamados
mujadhins, as facções oposicionistas afegãs, dentre eles, o Talibã, formado por jovens
estudantes, que aos poucos foi ganhando notabilidade política e conseguiu colocar o
poder nas mãos de seu líder, Mohamed Omar, cujo governo abrigou o protagonista do
ataque às torres gêmeas, Osama Bin Laden, e seu grupo fundamentalista, a Al-Qaeda.
Após o fim das lutas contra os soviéticos, Bin Laden voltou sua atenção para a
ocupação norte-americana na península Arábica, que, segundo ele, estaria violando solo
sagrado. Como nada foi feito por parte das autoridades muçulmanas, Osama decidiu
agir, explodindo bases militares, quartéis e embaixadas americanas instaladas na região.
Do lado americano, mísseis foram lançados no Afeganistão. Tal conflito foi o que
culminou no ataque de 11 de setembro (SCHILLING, 2002).
2 A Cobertura da Mídia
Para ilustrar alguns exemplos da cobertura feita pela mídia, iremos analisar
reportagens publicadas na revista Veja e veiculadas pela Rede Globo de televisão.
2.1 A Rede Globo
No dia do ataque, 11 de setembro de 2001, a TV Globo fez cobertura ao vivo
com o Plantão Globo e deu mais informações no Jornal Nacional. A Agência Reuters
divulgou que os palestinos eram os suspeitos de terem promovido o ataque, mas, como
já foi dito, isso era uma suspeita e não uma informação concreta, comprovada.
Do modo como a Globo passou as imagens e falava sobre o ataque terrorista, só
se conseguia entender que esse ataque foi o maior já ocorrido no mundo, que nada era
pior do que isso, e que os EUA eram apenas “vítimas inocentes” de terroristas cruéis,
supervalorizando-os e passando a imagem de “fracos e indefesos”, o que não são. Já do
povo muçulmano, passaram uma ideia de pessoas violentas, sem escrúpulos, assassinas,
até mesmo discriminando, ainda que “disfarçadamente”, sua religião.
Já na chamada do primeiro bloco da edição do telejornal isso fica visível,
principalmente pelo adjetivo “banho de sangue” utilizado para se referir ao atentado.
“Chefes de estado condenam o banho de sangue [Fátima Bernardes] e reforçam a
segurança nas fronteiras.” [William Bonner]. (11 de setembro de 2001- Bloco 1, Jornal
Nacional)
Para demonstrar a possível felicidade dos palestinos com o ataque, mostram
imagens dessas pessoas gritando muito alegres, com o seguinte off de William Bonner:
“Nos territórios ocupados por Israel, palestinos comemoram a maior ofensiva terrorista
de todos os tempos". (11 de setembro de 2001- Bloco 1, Jornal Nacional)
Em reportagem de Edney Silvestre, o repórter faz a confirmação de que o
atentado foi um ataque terrorista, utilizando o presidente do país para comprovar tal
afirmação: "O presidente dos Estados Unidos George Bush confirma: foi um atentado
terrorista." (11 de setembro de 2001- Bloco 1, Jornal Nacional)
Para justificar as atitudes tomadas pelos Estados Unidos, ainda na reportagem de
Edney Silvestre, a participação do país na 2ª Guerra Mundial é relembrada e o Japão é
apontado como culpado por essa participação dos Estados Unidos: "O ataque ao World
Trade Center é o maior já ocorrido em solo americano desde que os japoneses
bombardearam Pearl Harbor. Lá foram mortos 2.280 soldados e 68 civis. Foi o que
levou os Estados Unidos a entrar na 2ª Guerra Mundial”. (11 de setembro de 2001-
Bloco 1, Jornal Nacional)
Novamente reforçando a possível culpa de muçulmanos pelo atentado, os
Estados Unidos são colocados como um país que sofre frequentemente com esses
ataques sem justificativa: "Na história recente os americanos sofreram diversas ações
terroristas, nem todas promovidas por estrangeiros, mas o maior de todos os suspeitos é
árabe." [Fátima Bernardes]. (11 de setembro de 2001- Bloco 2, Jornal Nacional)
É com esse tipo de notícias que se consegue perceber como as construções de
imagens realmente acontecem e o quanto ruins elas podem ser. Casos como o das
Torres Gêmeas podem virar uma espécie de “novela”, que envolve o público, fazendo-o
tirar as conclusões que o jornalista quer que ele tire.
Afinal, a violência sempre está presente nas pautas jornalísticas por mostrar o
novo de forma emocionante, chocante, chamando a atenção da sociedade e,
consequentemente, vendendo muito bem. Porém, tal atitude pode gerar consequências
tais como: a banalização, reprodução e incentivo à violência, criação de uma sensação
constante de medo e insegurança, e até a estereotipação de povos ou culturas inteiras.
Em seu artigo, Jornalismo e “construção de futuros”, Marcus Antônio Assis
Lima, fala sobre o jornalismo atual, discorrendo a respeito da forma como são feitas e
passadas as notícias à sociedade. Ele afirma que a notícia é “uma realidade social
construída, mas não é mais que uma das realidades que os indivíduos constroem
cotidianamente” (LIMA, 2002).
O autor fala sobre o atentado terrorista ao Word Trade Center, como exemplo de
construções de realidades promovidas pela mídia. E como ele mesmo coloca, “são os
meios de comunicação de massa que produzem a realidade social” (LIMA, 2002) e,
assim sendo, um veículo midiático como a Rede Globo de Televisão, que tem uma alta
credibilidade perante o público brasileiro, principalmente com seu telejornal Jornal
Nacional, deveria transmitir informações da forma mais imparcial possível, o que não
ocorre.
Marcus Antônio diz que “a oposição [entre] ‘amigos dos Estados Unidos’ e ‘os
contra’ fica patente. Desse modo, o inimigo, o estrangeiro, o árabe, muçulmano,
institucionalizam-se nas tipificações trabalhadas pelo conjunto da mídia” (LIMA, 2002).
2.2 A Revista Veja
Analisaremos aqui, três das edições de setembro e outubro de 2001 publicadas
pela Veja, com matérias especiais sobre o atentado.
2.2.1 “O Império Vulnerável”
A primeira matéria especial sobre o ataque, cuja capa traz “O Império
Vulnerável”, trata da dificuldade em identificar os culpados pelo atentado, já que,
segundo a revista, o terrorismo islâmico “surge das sombras” e não tem uma base única,
podendo estar em qualquer lugar. Questiona os Estados Unidos, que com tanto potencial
e gastos com a segurança nacional, deixaram passar um bando de terroristas com facas
dentro de aviões comerciais. E ainda arrisca alguns palpites sobre as possíveis saídas de
Bush: admitir que os Estados Unidos da América, país até então visto como a maior
potência mundial, não tem capacidade de garantir a própria segurança e pedir ajuda
internacional para combater o terrorismo, ou isolar-se ainda mais e manter a pose.
Uma ou duas vezes dentro do texto, coloca-se que existe uma maioria moderada
dentro do Islã, mas dá-se tanta ênfase ao instinto sanguinário dos fundamentalistas que
tal comentário fica imperceptível. O texto afirma que uma nova compilação deve ser
levada em conta: “o Islã como fonte de preocupação para a paz mundial” (VEJA, 2001,
p. 58). A segunda parte da reportagem fala sobre as estruturas dos prédios, como eles
ruíram e da maneira como as pessoas morreram no incidente, como uma forma de
sensibilizar o leitor.
Na terceira, aponta Osama Bin Laden como a mais nova “feição do mal” da
história. Percorre alguns anos na história, de aiatolá Khomeini, Saddam Hussein,
Muamar Kadafi, até Bin Laden, e termina com um artigo de opinião, deixando a
expectativa da resposta americana aos atentados no ar. Bush afirma que não vai fazer
distinção entre terroristas e países que os abrigarem, ou seja, possivelmente a população
civil sofreria algum tipo de privação. O apoio da população norte-americana ao
presidente para a entrada na guerra é grande.
2.2.2 “Guerra ao Terror”
Segundo especial sobre o tema. A matéria começa dando apenas uma opção aos
norte-americanos “vencer ou vencer”, uma vez que a afirmação contrária seria
impossível, na visão da revista, um ocidente dominado por líderes islâmicos radicais. E
afirma que esta “é a primeira guerra do império americano que começa com a simpatia
de todas as nações livres do mundo” (VEJA, 2001, p. 42), a pressão por uma atitude
imediata e vingativa é forte.
Há uma ênfase considerável na superioridade bélica e tecnológica dos Estados
Unidos, em sua determinação de contra-ataque e em sua “vitória certa”, pois “só num
conto de mil e uma noites a turma do turbante teria chance real diante da atual
determinação dos Estados Unidos” (VEJA, 2001, p. 47). O esforço em mostrar os norte
americanos como donos da razão é evidente. Aponta-se que não há outro caminho senão
a guerra, que já estava anunciada há tempos, que o poderio e a adoração a Bin Laden é
forte no Afeganistão.
2.2.3 “Fé Cega e Mortal”
“O cerco aos homens das cavernas”, assim é intitulada a matéria anunciada na
capa, iniciando a cobertura da entrada americana em solo afegão. É realizado um
mapeamento da influência do grupo de Bin Laden, a Al-Qaeda, ao redor do mundo e de
seus filiados. Comprova-se com base num relatório apresentado por Tony Blair durante
uma reunião da Otan em Bruxelas, que Osama é o culpado pelo atentado. Fator curioso
é reforçar que Osama Bin Laden continua sendo o herói de “grande parte dos
muçulmanos”, sendo que nas primeiras reportagens, afirma-se que a maior parte da
população que segue os preceitos do Islã é moderada.
3 Alguns Documentários sobre o Assunto
Desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, surgiram uma série de
filmes e documentários nos quais os ataques terroristas são tema central, ou são citados,
normalmente como motivo para o aumento da vigilância em solo americano. Aqui
seguem breves análises de dois documentários baseados em fatos reais.
3.1 Fahrenheit 9/11
Neste documentário, o diretor Michael Moore investiga como os Estados Unidos
se tornaram alvo de terroristas, e chegaram aos eventos ocorridos em 11 de setembro de
2001. Os paralelos são feitos entre as duas gerações da família Bush que já comandaram
o país e ainda as relações entre o ex-presidente americano, George W. Bush, e Osama
Bin Laden.
Michael Moore tem maestria em mostrar o papel do George W. Bush nos
eventos que antecederam e que sucederam aos ataques de 11 de setembro. O diretor é
conhecidamente contra o governo de Bush, e apesar de o documentário trazer cenas e
documentos verídicos, sua edição e a composição deixam clara a posição contrária ao
governo de George W. Bush e à forma como ele conduzia as relações íntimas e
comerciais de sua família.
Para Moore, os ataques de 11 de setembro e a caçada ao terrorista Osama Bin
Laden foram usados como uma desculpa para invadir o Iraque e mascarar o verdadeiro
intuito da invasão, que seria o petróleo saudita.
3.2 102 Minutos que Mudaram o Mundo
Este especial de duas horas fala sobre o ataque ao World Trade Center sob uma
nova perspectiva, oferecendo imagens inéditas que documentam os 102 minutos que
transcorreram entre o primeiro ataque às torres e o colapso da segunda torre. Vídeos e
fotos tiradas por testemunhas, ligações aos bombeiros e policiais de Nova York, assim
como o material coletado pelas televisões de diversos países foram usados na
composição do documentário.
Produzido para o canal de TV a cabo History, 102 Minutos que Mudaram o
Mundo faz um apanhado das imagens chocantes gravadas por pessoas que estavam nas
proximidades das Torres Gêmeas quando o ataque aconteceu.
Sua posição não fica muito clara até o final do filme, quando o telespectador é
surpreendido por um forte sentimento de revolta e, principalmente de vingança. 102
Minutos que Mudaram o Mundo parece justificar os eventos que sucederam o ataque,
entre eles a reeleição do Presidente George W. Bush e a invasão e guerra do Iraque. O
documentário é muito vivido, com cenas reunidas de diferentes fontes e ângulos e em
tempo real, sem qualquer edição de som ou imagem.
Considerações
Além de comprovar a falta de segurança norte-americana para com seu próprio
território, os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono representaram um
movimento contra um país e um modelo de vida.
Especialistas no assunto possivelmente já sabiam que algo assim iria acontecer,
porém, para a mídia, como define Leão Serva em Jornalismo e Desinformação, “a
fermentação não é interessante, apenas as explosões” , produzindo assim, um produto
midiático interessado apenas em expor fatos chocantes, inéditos (características típicas
da violência) sem que seu contexto histórico possa ser analisado.
Em consequência disso, ocorre a formação do estereótipo islâmico aos olhos
ocidentais, de homens bárbaros, fanáticos, abrigados em cavernas e mulheres reprimidas
sob o véu. Provas disso são os protestos realizados em Nova York contra a construção
de uma mesquita e um centro cultural próximos ao Marco Zero (local onde antes
existiam as torres), a ameaça do pastor Terry Jones de queimar cerca de 200 exemplares
do Alcorão e as leis na França que proibiam o uso de véu integral islâmico em espaços
públicos.
REFERÊNCIAS
BIGELI. Alexandre. Guerra Irã-Iraque: Contra o Irã, EUA se aliaram a Saddam Hussein.
Disponível em:
CENTRO CULTURAL BENEFICENTE ISLÂMICO. Os Cinco Pilares da Religião Islâmica.
Foz do Iguaçu. Disponível em:
HADDAD. Jamil Almansur. O que é Islamismo. 2ª reimpressão da 4. ed. São Paulo:
Brasiliense, 2003. v. 41.
LIMA. Marcus Antônio Assis. Jornalismo e “Construção de Futuros”. 2002.
REDE GLOBO DE TELEVISÃO. 11 de setembro de 2001. Disponível em:<
www.youtube.com>