Afeganistão: assolados pela guerra e perseguidos pelo frio do inverno
Cabul, Afeganistão _ As seguintes crianças morreram congeladas em Cabul durante um período de três semanas entre janeiro e fevereiro deste ano. Suas famílias vivem em acampamentos de refugiados da cidade, para onde vieram após serem obrigadas a deixar suas casas nas zonas de guerra do Afeganistão:
_ Mirwais, filho de Hayatullah Haideri. Ele tinha apenas um ano e meio e estava aprendendo a andar, se equilibrando nas estacas da tenda de sua família, mas a lama congelante do chão em que dormia deu fim a sua trajetória.
_ Abdul Hadi, filho de Abdul Ghani. Ele não tinha nem um ano, mas já tentava ficar em pé. Seu pai contou que nos dias que antecederam a tragédia ele já não tinha mais a mesma firmeza.
_ Naghma e Nazia, as gêmeas de Musa Jan. Elas tinham apenas três meses e estavam começando a rolar em suas caminhas.
_ Ismail, filho de Juma Gul. "Durante toda a sua vida, ele nunca soube o que era calor", afirmou Gul. "Nem mesmo por um único dia".
Sua vida curta durou apenas um mês.
Essas são as histórias de algumas das 22 crianças que morreram entre janeiro e fevereiro deste ano, vítimas de temperaturas inclementes e tempestades de neve. O governo afegão fez o possível para esconder as mortes, que deixaram perplexos os ativistas que estão trabalhando no país.
Eles se perguntam como tantas crianças podem morrer em decorrência de um fenômeno tão banal e previsível quanto o frio, sobretudo depois de 10 anos da presença internacional de cerca de 2.000 grupos civis, que trouxeram ao menos três bilhões e quinhentos milhões de dólares de ajuda humanitária, além de 58 bilhões de dólares em investimentos no desenvolvimento do país.
Andrea Bruce/The New York Times
Andrea Bruce/The New York Times
"As pessoas parecem pensar que uma emergência que já dura dez anos não é mais uma emergência, mas isso não é verdade", afirmou Julie Bara da Solidarities International, um grupo francês responsável por um programa limitado de ajuda alimentar e sanitária nos acampamentos.
Sua organização pesquisou a taxa de mortalidade nos acampamentos de refugiados durante os últimos meses. Segundo Bara, entre as crianças com menos de 5 anos, a taxa de mortalidade é de 144 mortes para cada 1.000 crianças, um número incrivelmente alto até mesmo para o Afeganistão, que tem a terceira maior taxa de mortalidade infantil do mundo. Isso significa que uma em cada 7 crianças nascidas nos acampamentos de Cabul não irá sobreviver até o seu sexto aniversário.
Todas as 22 mortes registradas foram de crianças com menos de 5 anos.
Normalmente, os invernos de Cabul são tranquilos para um país montanhoso, mas este ano foi diferente. Este foi o janeiro mais frio dos últimos 20 anos, de acordo com Mohammad Aslam Fazaz, diretor do centro nacional de prevenção de desastres. Durante quase todas as noites, as temperaturas ficaram na casa dos vinte graus negativos.
"Não há uma estratégia clara para ajudar essas pessoas", afirmou Mohammad Yousef, diretor geral da Aschiana, um respeitado grupo afegão de ajuda humanitária, responsável pela educação e por outros serviços básicos nos 13 acampamentos da cidade. "Eles não têm acesso a nada _ saúde, educação, alimentos, água ou esgoto. Eles não têm sequer a oportunidade de sobreviver."
A Aschiana é a única organização que está sempre presente no acampamento de Charahi Qambar, para onde enviam quatro professores. Os habitantes afirmam que, até o ano passado, o Programa Mundial de Alimentação costumava fornecer alimentos para o acampamento. Silke Buhr, a porta-voz do programa, afirmou que a agência atualmente fornece alimentos em Cabul apenas para os grupos mais vulneráveis, como as viúvas e as pessoas com necessidades especiais.
Nos acampamentos que foram mais duramente atingidos, mesmo que os homens passem o dia fazendo bicos ou trabalhando como vendedores ambulantes, o pagamento é tão baixo que eles precisam escolher entre comprar comida ou madeira, o combustível mais comumente utilizado pelas famílias.
"Você não morre de fome, mas acaba morto de frio", afirmou um dos pais.
Andrea Bruce/The New York Times
Andrea Bruce/The New York Times
Entre os membros mais jovens, a situação é ainda mais complicada, já que crianças mal alimentadas têm muito mais chance de sucumbir ao frio e às doenças.
Cabul foi atingida por duas grandes tempestades de neve, nos dias 15 e 22 de janeiro, o que piorou as condições miseráveis dos habitantes dos acampamentos, pois suas moradias não passam de tendas de tecido ou casebres de barro cobertos com telas ou com plástico.
A combinação de umidade e de frio foi fatal para as crianças.
O pai de Mirwais, Hayatullah Haideri, foi acordado às cinco da manhã do dia 15 de janeiro para rezar no acampamento de Charahi Qambar. Quando se aproximou de seu filho, seu corpo estava completamente rígido.
"Ele estava escuro como uma folha congelada. Só de olhar para ela, você já sabe que a folha está congelada", afirmou.
Ele e sua esposa têm outros cinco filhos pequenos.
"Minha mulher sempre me diz que eu devo fazer algo para salvar nossas crianças, que elas irão morrer neste frio", contou. "Mas o que eu posso fazer?"
Naquele mesmo dia, Abdul Ghani descobriu que seu filho Abdul Hadi estava com febre alta. Quando chamaram uma ambulância, os socorristas se negaram a ir até o local.
Andrea Bruce/The New York Times
Andrea Bruce/The New York Times
Entre os membros mais jovens, a situação é ainda mais complicada, já que crianças mal alimentadas têm muito mais chance de sucumbir ao frio e às doenças.
Cabul foi atingida por duas grandes tempestades de neve, nos dias 15 e 22 de janeiro, o que piorou as condições miseráveis dos habitantes dos acampamentos, pois suas moradias não passam de tendas de tecido ou casebres de barro cobertos com telas ou com plástico.
A combinação de umidade e de frio foi fatal para as crianças.
O pai de Mirwais, Hayatullah Haideri, foi acordado às cinco da manhã do dia 15 de janeiro para rezar no acampamento de Charahi Qambar. Quando se aproximou de seu filho, seu corpo estava completamente rígido.
"Ele estava escuro como uma folha congelada. Só de olhar para ela, você já sabe que a folha está congelada", afirmou.
Ele e sua esposa têm outros cinco filhos pequenos.
"Minha mulher sempre me diz que eu devo fazer algo para salvar nossas crianças, que elas irão morrer neste frio", contou. "Mas o que eu posso fazer?"
Naquele mesmo dia, Abdul Ghani descobriu que seu filho Abdul Hadi estava com febre alta. Quando chamaram uma ambulância, os socorristas se negaram a ir até o local.
Andrea Bruce/The New York Times
Andrea Bruce/The New York Times
"Eles me disseram que estava frio demais", comentou o pai. Abdul Hadi se deitou debaixo do cobertor com sua mãe, mas não havia aquecimento na cabana e a lama sobre a qual estavam deitados estava úmida. Quando seus pais tentaram despertá-lo, "ele estava duro como pedra", afirmou Abdul Ghani.
Segundo Mohammad Ibrahim, representante do acampamento de Nasaji Bagrami, onde outras 14 crianças morreram em decorrência do frio, pelo menos duas famílias perderam mais de um filho.
Nascidas no mesmo dia, as gêmeas idênticas Naghma e Nazia morreram na mesma noite, entre 15 e 16 de janeiro.
As crianças que morreram haviam sido colocadas sob os cobertores e dormiam com outros membros de sua família. Mas os habitantes do acampamento explicaram que, como elas eram muito pequenas, não foram capazes de manter os lençóis enrolados em torno de seus corpos e eram novas demais para pedir ajuda. Portanto, quando as crianças dormem, elas acabam morrendo se não houver fogo.
"Os adultos sabem como se manter aquecidos, mas as criancinhas não", comentou Mualavi Musafer, o líder religioso do acampamento de Charahi Qambar. Segundo ele, seu sobrinho estava entre as crianças que morreram de frio.
Mohammad Ismail, um refugiado do distrito de Sangin, um dos locais mais perigosos da província de Helmand, também perdeu duas crianças, sua filha Fawzia, 3, durante a primeira tempestade de neve e seu filho Janan, 5, durante a segunda. Agora, ele e sua esposa tem apenas dois filhos, um bebê e a menina Tila, de 7 anos de idade.
"Eles choram a noite toda por causa do frio", contou Ismail, "e a Tila sente muita falta de seu irmão".
Fawzia e Janan foram enterrados sem identificação em um terreno baldio que se transformou no cemitério do acampamento de Nasaju Bagrami. Tila conhece bem o local.
"Ela vai até lá todos os dias para visitar o irmão", contou o pai.
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Andrea Bruce/The New York Times
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7 comentários:
es el mejor articulo que he leido hasta ahora en un blog ,espero que esto llegue a quien tenga poder para dar solucion a esta gente ,me has emocionado profundamente esta mañana,mientras nuestros hijos celebran con alegria los carnavales ,los de esta gente se mueren congelados y nadie hace nada,increible y vergonzoso...
Thank you for your comment!
MissPandamonium
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This post broke my heart....I am so sad aboutwhat is going out there...all that poor kids...it makes me think that we generally complaining about stupid thing while people are dying out there...
Seriously I feel so sad when I see images like that.Childern die dueto hunger and cold..thats the saddest part...and its allo because of money?!!! Geez!
Omg I dont understand the post, but the pictures speak volumes, so frightening... good of you causing awerness... you are great role model! x Marina
Great post, it's great that you're using your blog to get important messages across.
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Quero agradecer por SEUS COMENTÁRIOS, Doces, Alegres ... Adoro todos vocês, meus leitores! Vocês fazem meu dia mais feliz :)♥
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